quinta-feira, 5 de junho de 2014

"E se" simplesmente "é isso" ???

Imagem: Arquivo Pessoal
Não sou mais a mesma ... 
O tempo não é o mesmo ...
Não são mais os mesmos desejos, as mesmas pessoas, a mesma rotina, o mesmo sonho ...
Nada é igual desde o momento da concepção. Existe o crescimento diário na formação do ser, o rompimento do conforto, o desabrochar no mundo estranho, o descobrir o novo a cada dia, o esquecer de continuar aprendendo,  o ceifar dos sonhos com o fim do sopro da vida ...
Nada é remotamente igual ao que é ou ao que foi. Por mais imperceptível que seja, sempre há uma diferença a ser considerada, uma lacuna a ser preenchida, uma ausência a ser superada, uma perda a ser encarada, uma vida pra ser repensada ...
Impossível permanecer impassível diante de fatos inerentes a nossa vontade que nos afetam de forma involuntária ao nosso querer ...
Difícil medir como seria o agora se ... e se ... e se ...
O "se" que é acusador, impotente, insatisfeito, incoerente, implacável ...
O "se" que denota que algo poderia ser diferente, mesmo a gente sabendo que nada mais poderia ter  sido feito.
O "se" que coloca possibilidades nas improbabilidades de fatos sacramentados.
O "se" que traz um excesso de insatisfação por acreditarmos que em algum momento poderíamos ser o Criador para mudar o rumo de uma história que nem sempre fomos nós quem escrevemos ...
O "se" poderoso que poderia ter mudado o destino do outro..
O "se" que te condena a um fracasso da possibilidade de ter vivido um sucesso proveniente de uma ação que poderia ter sido tomada em um momento certeiro ...
O "se" que traz toda essa inconsistência das certezas duvidosas que tudo teria dado certo se concreto tivesse sido em algum momento ....
E "se" o "se" não existisse ... talvez conseguíssemos viver mais agradecidos por termos vivido o que foi possível, por termos feito o que foi plausível e por simplesmente termos vivido ... "se" o "se" não existisse não perderíamos tempo em devaneios de como teria sido ou como estaríamos hoje "se" tivéssemos feito, agido, falado ou pensado de determinada maneira ...
O problema do "se" é que ele não muda nada. Não faz nada além de roubar nossa paz e nossa possibilidade de desfrutar o melhor do agora, absolvidos por nós mesmos de nossas culpas, medos, incertezas, inseguranças...
"Se" qualquer coisa seja lá o que for, eu nunca vou saber...
Por isso me contento em apenas contemplar e viver e desfrutar o "é isso" ... feio ou bonito, amado ou sofrido, tenso ou tranquilo, o "é isso" nos preenche de convicção de que as coisas são como são, e independente das teorias, das convicções, das aspirações, dos descontamentos, das indignações ou frustrações de quem teoriza ... o "é isso" é fato consumado, inalterável, inquestionável. Sacramentadamente "se" qualquer coisa que seja lá o que for, no final de tudo, a constatação é apenas uma: de que o fato, o agora, o momento, simplesmente "é isso", nem que isso seja uma mentira, continua sendo fato e a verdade do momento. Confuso? Talvez, mas "se" lido e observado levando em conta vários contextos, a conclusão ainda será de que isso: "é isso".
- Anna Feitoza -

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