segunda-feira, 27 de julho de 2015

O abandono das pseudo-igrejas ...


É lamentável perceber o que se tornou uma boa parte das igrejas evangélicas da atualidade.
Minha mãe é "associada" da Igreja da Graça, e estando enferma a uma ano e meio e acamada a mais de 60 dias, temos percebido a diferença entre ser membro e associado. Os membros de uma igreja geralmente são cuidados pelos outros membros, e como num rebanho, amparados em suas fragilidades, cuidados em suas enfermidades e socorridos em suas necessidades. Um associado por sua vez, não pode deixar de contribuir e os boletos chegam indiscriminadamente, afinal de contas é uma "igreja" com milhares de pessoas em seus cultos, com pastores ocupadíssimos com os programas televisivos que ultrapassam a nossa fronteira geográfica. Contudo, não conseguem disponibilizar tempo para acompanhar um de seus mantenedores (os chamados associados). E quando o fazem, deixam evidente que estão ali sem sequer ganharem o dinheiro da condução, ou, num outro contexto mencionado, sem tempo a disponibilizar para os mais de dois mil outros enfermos a serem atendidos pelo número reduzido de obreiros para esta obra.Na minha ignorância mundana, sempre pensei que o trabalho religioso fosse uma missão, um chamado onde num caso de enfermidade, o custo do transporte (absurdo pelo tom de quem o reclamou), fosse apenas um detalhe a ser resolvido dentro dessa instituição que se intitula como "igreja", que segundo nosso querido Aurélio, seria uma comunidade cristã, e não um negócio (porque ainda segundo o Aurélio, associado significa sócio) e não me recordo em passagens bíblicas onde Jesus convida seus ouvintes a associar-se a ele seja no que for.
Dor maior sinto ainda, ao ver minha mãe desacreditada e sofrida porque em um momento que desconheço, entre suas colegas sócias desse conglomerado, alguém dotado do espírito (que não é santo em suas palavras), coloca a fé de minha mãe em cheque dizendo que se ela tivesse fé suficiente certamente estaria curada. Conclusão, minha mãe parou a quimioterapia, está resistente ao tratamento, desacreditada desse lugar onde depositou por anos todo os seus ganhos, seja em dízimos, ofertas, cd's, tv a cabo e patrocínio (e ela não percebe isso), e angustiada num desespero velado em palavras mas que clama em seus olhos o medo e a incerteza de tudo o que a vida tem lhe trazido hoje, com o agravante do abandono desta pseudo-igreja, que ao invés de cuidar de seus membros (é o que faria se fosse de fato uma), os abandona a própria sorte, cumprindo o que acontece numa sociedade comercial, onde um sócio falecido é simplesmente substituído por outro.
E eu fico aqui a me perguntar, o que Deus tem a ver com tudo isso? E o que dizer a minha pobre mãe em sua fé cega x um câncer avançado, para não se decepcionar com o abandono e descaso desta instituição que pode ser qualquer coisa, menos religiosa, porque é princípio básico do cristianismo, o cuidar, como dizem "o amar como Cristo amou", e em nenhum lugar seja no novo ou no velho testamento, encontro o termo "associado" de Cristo, sem barganhas para seus sermões no monte, nem preço de baciada para seus pães e peixes. Apenas amor e cuidado para com os seus ...
Não é uma crítica política ou religiosa, apenas a dor que minha alma sente ao ver os olhos de minha mãe ..

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